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A vida no Reino dos Godos..

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Mensagem  Rokolev Sex maio 18, 2012 12:36 pm

Durante séculos as restantes potências mundiais se gladiavam em disputas contínuas, normalmente nas suas colónias, como Portugal, outras vezes com os seus vizinhos, numa ânsia de expansão do seu território à la Lebensraum, mas no Reino dos Godos a situação era diferente..sendo um povo dotado de uma excepcionalmente pequena capacidade de cooperação com outros e de uma cobiça acima da média, a nobreza gótica sempre se interessou mais em chatear os vizinhos ao invés de conquistas ultramarinas contra indígenas vestidos com penas e folhas, armados com paus e pedras, com excepção de um ou outro senhor que estabeleceu postos comerciais perto das colónias de outros países, que inevitavelmente acabariam por ser obliteradas pelos grandes reinos. Estes senhores bem pediam apoio da Coroa para os seus empreendimentos, nomeadamente apoio militar, mas a Coroa não tinha muito por onde os ajudar..a reino era altamente fragmentado, senhorial ou feudal, e a nobreza local tinha muitos poderes que impediam o Rei de tomar acção. De certo modo pode-se dizer que a figura de Rei sempre teve o mesmo poder que as monarquias constitucionais de hoje têm - pouco ou nenhum, era quase um cargo cerimonial e simbólico..talvez seja por isso que desde há quase 1400 anos apenas tenha havido uma única dinastia a sentar-se no trono..



Hoje em dia a situação é diferente, os senhores feudais requintaram-se e adaptaram-se. Apesar de ainda terem os seus títulos nobiliárquicos, os seus poderes legais e executivos desapareceram, e as suas antigas terras foram substituídas por empresas ou cargos políticos impulsionados pela sua presença nos partidos regionais inicialmente criados por eles próprios para se adaptarem às mudanças sociais sem perderem o seu peso na sociedade..de certo modo eles faziam uma espécie de casta dentro de cada região, protegendo-se uns aos outros mesmo que fossem de orientações políticas diferentes. Podem não ter mais direitos que o cidadão comum, mas têm certamente muita influência e poder no Reino.

Felizmente nem todos os políticos são nobres, aliás hoje em dia a maioria deles não o são, mas isto cria uma variável nova na política Gótica: Para além do eixo esquerda-direita e do eixo liberal-conservador, existe nos partidos o eixo plebeu-nobreza, que é único deste país. Normalmente os partidos de cariz nobre tendem a ser pouquíssimo ou nada corruptos mas geralmente tentam abortar o domínio do poder central em prol do poder regional, no qual a nobreza tem mais influência..talvez esta pouca ou nenhuma corrupção provém do facto de já terem o seu "tacho", enquanto que os políticos de origens modestas, na sua sede de subir, tendem a ser permeáveis à corrupção. Os partidos de cariz plebeia, por sua vez, são mais adeptas ao centralismo e de uma redução do poder local e retirada de poder, mesmo económico, da nobreza o que causa que, estereotipicamente mas não necessariamente verdade, o cariz plebeu é conotado com a esquerda e a nobre com a direita.



O Reino dos Godos está dividido em três regiões:
  • A Visigothia é a região do Sul do país e onde se localiza a capital Viseum (nome que deriva de Visigothia). Apesar de relativamente rica sempre foi muito centralizada e onde menores convulsões e choques com o Governo Central teve...talvez por haver uma cumplicidade entre ambos. Contrariamente ao popularmente aceite por estrangeiros, "Visigothia" não significa "Gothia Ocidental", mas sim "Boa Gothia", nome dado por serem os mais centralizados e pacíficos.

  • A Ostrogothia é a região central/centro-norte que contem grande parte da costa. Sempre foi altamente fragmentada e dominada por diversos senhores ao longo da história, sendo conhecida por ser o centro dos problemas internos que o país sempre teve..por outro lado, e ironicamente, também foram estes que chegaram a ter colónias no passado, altamente baseadas no comércio de matéria-prima e escravos que vendiam às outras potências. Grande parte dos problemas actuais começaram aqui. No passado diferentes tipos de germânicos se instalaram aqui, inclusivamente Lombardos.

  • A Frankia é a pequena região do norte, com apenas uma pequena parte da costa do país, apesar de solarenga. Foi aqui que a industrialização começou, e foi aqui que a nova estirpe de Nobreza se formou. Como tal, também foram muito responsáveis pelo sistema actual do Reino, apesar de extremamente ricos.



Actualmente cada uma das três regiões tem um governo autónomo que está (mais ou menos) subordinado ao poder central. Este nível de autonomia dá-lhes grande liberdade económica para poderem desenvolver-se da forma que os governos locais acharem melhor e faz com que as deficiências de cada região sejam muito pequenas. Uma curiosidade é que cada região tem uma pequena força militar própria, se bem que sobre a alçada do Comando Central. Apesar destas terem, claramente, uma capacidade bélica a ter em consideração, não representam a grande maioria das forças militares estacionadas em cada região - as forças armadas do Reino são bem superiores.


OOC: Isto foi uma introdução.
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A vida no Reino dos Godos.. Empty Re: A vida no Reino dos Godos..

Mensagem  Rokolev Sáb Jun 09, 2012 3:10 am

0345, Alemannia - capital de Frankia, Reino dos Godos.

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Está uma noite com céus limpos, mas fria e com um vento que dói..é algo mais ou menos típico desta zona do país que se situa longe da costa, num planalto ao pé da grande cadeia montanhosa do Norte do Reino. Duque Hildefons IV af Alemannia, recém-eleito Chanceler de Frankia, está reunido no Palácio Alemannico, propriedade do Duque, com as chefias militares de Frankia lideradas pelo General Atanagildo Atanagildes, e com o Arcebispo Martin Ruderics que detém autoridade religiosa total na região. O General Atanagildo sempre foi bastante religioso, e quando soube das intenções do actual Chanceler durante a campanha eleitoral fez todos os possíveis para que ele fosse eleito, apesar de nunca ter ido além do legal. As horas, para os padrões Francónios, são completamente absurdas, só uma pessoa completamente lunática como o duque era capaz de pregar uma partida destas..é que normalmente às 21h começam-se a apagar as luzes, bem mais cedo do que no resto do Reino, em especial comparando com as zonas fronteiriças com a Galiza e Portugal.

Que se dane, descanso quando morrer, há trabalho a fazer..oxalá isto seja mesmo para o que estou à espera, senão obrigo o Chanceler a engolir uma cadeira - pensava o General enquanto se sentava à mesa junto dos seus subalternos, no lado esquerdo da grande mesa. À sua frente estava o clero Ariano Gótico, com as suas vestes tradicionais dominadas pelo branco e acompanhadas ou de preto ou de vermelho, um deles encapuçado e cabisbaixo..eram pessoas muito caladas, espartanos nos actos e nas palavras, mas não tanto na indumentária e adereços, muito pelo contrário, davam imenso na vista. Atanagildo achava aquilo muito clássico e bonito mas algo desnecessário para uma reunião quase às 4 da manhã.


Finalmente chegam os políticos, apressados e com cara de quem claramente precisava de descansar pelo menos umas horitas. O Duque ainda nem tinha tomado posse mas na Frankia as formalidades não valiam de muito e já todos consideravam Hildefons IV como Chanceler, assim que a reunião foi convocada todos prontamente a aceitaram. Sem papas na língua, o Duque foi direito ao assunto.



-Boa noite a todos, desculpem estar a convocar-vos a esta hora mas isto era algo que eu não queria perder o mínimo de tempo. Estamos aqui reunidos porque vos queria pedir a opinião relativamente à criação de um braço armado da igreja. Eu sei que, teoricamente, isto teria de ser ratificado no parlamento regional, mas nada nos impede de não-oficialmente começarmos os preparativos..antes de avançarmos, alguém tem alguma coisa para dizer contra isto? - Hildefons olhou para todos nos olhos, nenhum deles se opôs, era óbvio que todos aqui estavam interessados nisto - Ok..então digam-me a melhor forma de fazer isto...General?

-Bem, senhor Chanceler, eu bem sei que esta medida pode ser potencialmente muito mal recebida pelos partidos da oposição e creio que existe uma grande probabilidade de uma proposta destas vir a ser rejeitada na Assembleia Regional, portanto creio que a melhor abordagem a isto seria por começar da seguinte forma: as nossas forças armadas regionais têm autonomia suficiente para criarem as divisões que bem quiserem, portanto o melhor seria partir por aí - criávamos uma divisão a ser treinada e endoctrinada da forma que suas excelências da Igreja melhor acharem, mas não directamente por membros da Igreja, mas sim pelos missionários militares que providenciam serviços religiosos dentro das bases militares...basicamente seria apenas mais uma divisão, apenas com um maior número de religiosos, ninguém pode criticar. Senhor Arcebispo?


O Arcebispo pouco ou nada tinha em comum com os seus homónimos Católicos, ou mesmo Ortodoxos. A religião do Arianismo Gótico tinha divergido muito das restantes versões do Cristianismo durante os séculos, ao ponto de ser considerada herética pelo Vaticano. Esta religião era mais fanática e beligerante, mais virada para valores de Bem e Mal, Luz e Escuridão, Sabedoria e Ignorância..enfim, para o confronto de dualidades opostas, bem como para o indivíduo e menos para a sociedade - nunca teve tiques de poder como o Catolicismo herdeiro do Império Romano - a religião tinha a sua força na Justiça e numa encarnação da personalidade do povo Gótico. Como tal, e como a Igreja em si tinha menos poder do que no Catolicismo, as pessoas sempre foram mais individualistas e tendiam a ver os estrangeiros como potencial fonte de problema. O número de fanáticos era também provavelmente superior ao das outras religiões, Islão inclusive.

-General, a Igreja Ariana sempre esteve disposta a fazer tudo o que fosse necessário para a preservação e expansão da palavra do Senhor, não tenha dúvidas que muitos dos nossos alunos nos seminários se ofereceriam para completarem os seus estudos com os militares, desde que o currículo teológico se mantenha. Estou também certo que alguns padres de jovem idade se voluntariariam para as forças armadas se soubessem que poderiam aliar a Religião com a Defesa da região e dos seus bons costumes. Não vejo é como estes jovens terão tempo para tudo, seria necessário alargar o período de ensino para poderem ter tempo de serem bons soldados e bons filhos de Deus - apenas os mais devotos seguirão esta vida, mas são exactamente esses que queremos.

O General estava contente, era exactamente aquilo que ele queria, um grupo de religiosos altamente zelosos que soubessem usar metralhadoras e facas e dedicassem a vida a essas duas coisas.
-Isso era perfeito, mas creio que esta divisão teria de ser algo separada das restantes devido ao seu carácter específico.

-Não se preocupe General - dizia o duque, com uma voz que misturava a felicidade com o cansaço - é apenas uma questão de aumentarmos os impostos aos imigrantes estrangeiros, no tabaco e outras coisas superfulas..envia-se esse dinheiro para o Departamento da Defesa e abre-se uma pequena base militar nova, felizmente dinheiro não nos falta.. - e não falta mesmo, Frankia era um íman de emigrantes devido ao seu poderio económico ímpar no mundo, tinha apenas o problema de ter uma população pequena.

-Com todo o devido respeito, senhor Chanceler Duque Hildefons af Alemannia, mas é impensável que seja apenas uma base militar. Tem de haver um grande templo na base, se é para ser uma ordem religiosa este factor não pode ser dispensado. A vida dos recrutas tem de ser inteiramente dedicada à causa, quando não estão a treinar ou a dormir, estão a estudar ou a rezar. A Igreja pode financiar esse mosteiro, ou catedral. Tal como vocês, também nós nos sabemos financiar.


Dito isto ficou um grande silêncio a pairar sobre a sala.
O clero estava incerto que os militares fossem aceitar tamanha devoção nas suas forças armadas, mas a verdade é que os militares estavam contentes da vida, nada melhor do que soldados zelosos a lutar sobre uma bandeira religiosa, soldados mais obedientes deveria ser impossível arranjar..apenas se mantinham calados porque não sabiam se os políticos, nomeadamente o Chanceler, tinham gostado do que ouviram.


-Meus caros, se vocês acham que essa é a melhor forma, quem sou eu para contestar. Faça-se!
Até à aprovação da Ordem na Assembleia, ela ficará oficialmente na alçada das Forças Armadas - e portanto também sobre meu controlo, na pratica façam o que bem entenderem e decidam entre vós uma hierarquia, só preciso de saber quem ficará oficialmente à cabeça dela.






Nisto, o sujeito na vestimenta religiosa, encapuçado e que esteve o tempo todo calado a olhar para o chão levanta-se silenciosamente. Os olhos da sala voltam-se todos para ele. Os políticos estavam confusos, não faziam ideia do que se estava ali a passar. Após se levantar tira uma espada com pouco mais de um metro e trocos de dentro das suas vestes e mete-a na vertical, de pega para cima, e espeta-a no chão..finalmente levanta a cabeça, tira o capuz branco para trás.

-Eu... - era Alfons Farol, o lendário comando das Forças Amadas Góticas, provavelmente a pessoa mais amada no Reino a seguir ao Rei - ..eu liderarei a Ordem dos Paladinos da Santa Luz Divina.





...claramente, muitas destas coisas já tinham sido planeadas previamente por alguém, hoje foi apenas o dia em que se concretizaram..
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Mensagem  Rokolev Qua Jun 13, 2012 10:58 pm

OOC: Para esta Ordem estou a basear-me em várias coisas, como no Monte Athos na Grécia, Templários, Nazis (SS, Gestapo, Ocultismo), Budistas e outras coisas assim pouco comuns para estes lados.




As obras de construção da base/sede da Ordem dos Paladinos da Santa Luz Divina já tinham começado em Frankia. Os projectos estavam prontos já há vários meses, ou mesmo anos, mas eram um segredo bem guardado entre as elites militares, apenas não estavam a contar com o pedido da Igreja Ariana Gótica para o desenvolvimento de um grande complexo religioso dentro da própria base.

Não era rigorosamente nada como o que uma base comum seria de esperar, era um projecto completamente megalómano. A área cartográfica reservada para a Ordem era de aproximadamente 250 km2, situada numa região montanhosa de Frankia, com as zonas que eram acessíveis a pé a ser muralhadas em betão ou pedra. Tinha grandes espaços florestais, clareiras e, claro, granito. Era suposto ser um espaço exclusivo da Ordem, vedado a pessoal não-autorizado (transgressores poderão ser simplesmente baleados), principalmente para os treinos militares poderem ser realizados em todas as condições de terreno e para poderem meditar à sua vontade.



A catedral tinha de ser algo de grandes dimensões, ou pelo menos icónico, ia ser o coração da Ordem. Haviam os que queriam construí-la no topo de uma montanha, outros que a queriam no centro da base, num planalto, de dimensões bíblicas..enfim, havias opiniões para todos os gostos, até os que queriam que fosse totalmente subterrânea. A Igreja estava interessada em despachar o assunto depressa para prosseguir à sua construção, os militares nem tanto.

Quem ia ter a última palavra seria Alfons Farol, que estava reunido com os restantes responsáveis de topo pelo mega-projecto da Ordem em parte incerta. Alfons não gostava de rodriguinhos e foi direito ao assunto, utilizando o mínimo de palavras possíveis para descrever a situação - ele queria despachar a questão da catedral. Os seus convidados discutiram durante horas a fio, enquanto Alfons permanecia sentado à cabeceira a olhar os que falavam mas sem proferir uma única palavra, até que finalmente durante a confusão ele decide falar:


-Bem... - subitamente todos se calam e fitam Alfons Farol - a Catedral é suposto ser o coração da Ordem, um local de paz, portanto terá de cumprir certos requisitos. Não será subterrâneo. Não será num local inacessível. Não será a casa de ninguém a não ser da fé. Como tal quero que fique num local de fácil acesso, sem estar demasiado exposto. Arranjem um local elevado onde haja espaço para construir uma pequena catedral como a de Sankt Petro. Quero que no seu exterior tenha bonitos jardins, fontes e estátuas de antigos heróis da fé e do país...tudo o resto é acessório, e dou-vos liberdade para decidirem como quiserem.


A ideia base estava finalmente acordada, agora o projecto podia começar a ser desenvolvido.
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