União da Astártia

O Fim da Democracia

A Republica dos Dez Estados Unidos da Astártia sempre tinha sido um regime fraco, sustentado somente na promessa, por muito vaga que fosse, de liberdade e igualdade. Conforme o fosso entre ricos e pobres se adensou a "mitologia" que suportava a democracia colapsou. A classe baixa exigiu mais intervenção do estado e redistribuição de riqueza, a classe alta tentou a todo o custo manter os seus privilégios. Greves e crises políticas assolaram a nação, e por algum tempo temeu-se a guerra civil enquanto que milícias socialistas se começaram a organizar. Foi durante esta fase que se formou o "Movimento para uma União Nacional", um movimento composto por funcionários de classe média, altos quadros de empresas, soldados profissionais, oligarcas, policias, entre outros. Em controlo absoluto das forças militares, dos media, e de toda a capacidade produtiva da nação, o MUN eventualmente subverteu a Republica por dentro. Quando os militares finalmente marcharam sobre a capital já pouco restava de um regime democrático para derrubar.

Indefinição

Em toda a realidade, o que se chama agora a "velha republica" nunca deixou verdadeiramente de existir, a constituição original nunca foi substituída, apenas foi suspensa por um período indefinido. O "código geral de organização do estado" é a coisa mais aproximada de uma constituição da união, mas não é, nem procura ser, uma constituição (especialmente porque pode ser alterado a qualquer momento). Igualmente como com a constituição, vários organismos de estado continuam a existir, embora sejam meros fantasmas do que foram antes. O Parlamento ainda existe, embora somente os Estados-Gerais estejam em funcionamento (e em períodos irregulares), esta legislatura de todas as formas é pouco mais que um megafone do novo regime.

Esta indefinição do regime deve-se ao facto que a União foi formada largamente num sistema de acção-reação. A criação de cidadelas foi uma reação à rebelião das classes mais baixas, a repressão e a brutalidade organizada foi uma reacção aos vários desafios feitos à autoridade do estado. A verdade é que quando o MUN se viu com o poder nas mãos não soube logo o que fazer com ele, ainda havia quem acreditava que o regime que estava a ser montado era temporário, que era apenas uma necessidade de emergência. De acordo com os ideólogos do regime só quando se gerasse uma verdadeira consciência comum da classe alta e média é que finalmente se pode evoluir para o estágio seguinte da "nova ordem".

O caminho para a União

A primeira grande "purga" do MUN foi um período violento. Aqueles que tinham duvidas sobre o regime foram eliminados e substituídos por fanáticos, uma enorme campanha de propaganda foi criada com um objectivo simples, convencer a nova elite, ou como se começou a chamar a si mesmo, a "noblesse", que a nova ordem não era um meio, era um fim. Uma das correntes ideológicas que tinha formado o MUN era um pensamento quase feudal, uma ideia na qual se assumia que existia desigualdade, e que cada um deveria assumir o seu estatuto na sociedade (alto ou baixo) de forma a se colaborar para um objectivo comum. Esta corrente, segundo a nova liderança, era insuficiente para reunir toda a nova oligarquia, era demasiado fraca, dava demasiado valor a quem teriam de oprimir para manter o seu estatuto e os seus privilégios. A elite sabia bem que nunca todos poderiam ser ricos, ou mesmo prósperos, como os democratas defendiam.

"O objectivo do poder é poder" tornou-se o novo ensinamento, a ameaça da tomada de poder pelas classes baixas, agora chamadas de proles e reduzidas pela propaganda a um nível quase animalesco, tornou-se o argumento central para a necessidade de se manter o poder. "Os inferiores devem trabalhar. Os superiores devem liderar" tornou-se a nova ideologia central do apartheid social que se desenvolveu e a nova ideologia ganhou um nome: Darwinismo Nacional.

O titulo "União da Astártia" foi formalmente adoptado após a grande purga, o novo estado estava cimentado, e desde então manteve controlo absoluto da nação.